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domingo, 21 de novembro de 2010

ATO LITERÁRIO Nº 5

O Presidente Do Conselho de Segurança Nacional de Invenção Literária,

Considerando que a Literatura Brasileira tem fundamentos e propósitos que visam dar ao país um regime de autêntica imaginação democrática, baseada no respeito à dignidade da personagem e no combate às ideologias contrárias às tradições de nossas obras em prosa e verso, e de maneira a poder enfrentar os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem artística de nossa pátria
Resolve editar o seguinte ATO LITERÁRIO

Art. 1º - Estão proibidas em todo território nacional as caçadas de Pedrinho, as reinações de Narizinho, as viagens ao céu e as histórias do mundo para crianças.

Art. 2º - Serão investigadas todas as contas da aritmética da Emília. Para tal, o Tribunal de Contas da União indicará especialistas de renome nacional.

Art. 3º - Estão suspensos temporariamente os Doze Trabalhos de Hércules, até que se prove que nenhum deles envolve trabalho escravo.

§ 1º - Quem souber do paradeiro do Sr. Hércules deve informar às autoridades literárias constituídas.

Art. 4º - Serão alvo de investigação todas as fronteiras estabelecidas pela geografia de Dona Benta, sendo providenciadas pelos órgãos responsáveis as necessárias remarcações daí advindas.

Art. 5º - Está decretado o estado de sítio do Picapau Amarelo e estão proibidas quaisquer reuniões com o objetivo de contar histórias em todo o seu território.

Art. 6º - Fica proibida a partir dessa data a fabricação, bem como a distribuição, a venda e o consumo, do pó de pirlimpimpim.

Art. 7º - Estão suspensos por tempo indeterminado os direitos literários dos personagens Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Emília, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa, Quindim e Rabicó.

Art. 8º - O presente Ato Literário entra em vigor nesta data, revogadas as criações em contrário.

Pasárgada, 12 de novembro de 2010.

Esse texto é de André Muniz de Moura, especialista em literatura infanto-juvenil

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Polêmica sobre "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato

Sempre que questionada sobre o primeiro livro que li, respondo na hora: "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato. Foi a minha primeira leitura de menina, um livro "grande", mágico, com muito mais texto dos que eu conhecia anteriormente. Sim, foi o primeiro livro que li. Lembro de tê-lo lido ainda na segunda série. E não apenas uma vez. Foi um livro que marcou a minha iniciação no mundo dos livros. Talvez seja por causa de Lobato, mais especificamente desse título, que eu tenha tomado tanto gosto pela leitura. Pois bem, "o meu"  primeiro livro, essa memória que guardo na prateleira das lembranças com medalha. Esse livro está às voltas com uma polêmica daquelas! Dizem os denunciantes que o livro veicula conteúdo racista e preconceituoso e que os professores não têm competência para lidar com tais questões. Obviamente discordo veementemente disso.
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, acesse o site da Ecofuturo, que traz um excelente artigo de Marisa Lajolo. A AEILIJ também disponibilizou uma página com vários links para quem quiser entender a polêmica.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Confraria Reinações Caxias

Um livro que eu adoro vai ser tema da conversa na 16ª Confraria Reinações aqui de Caxias do Sul. O Espelho dos Nomes, de Marcos Bagno, Ed. Ática. Esse foi um daqueles livros que apareceu na minha vida despretensiosamente. Ninguém indicou, ninguém apresentou, não conhecia o autor. E assim, sem saber o que iria encontrar, comecei a ler e... surpresa das boas! descobri uma história encantadora, um trabalho maravilhoso com a linguagem (o autor é linguista), enfim um tesouro. Indico sempre. 


Visitando Sylvia Orthof


Cheguei em casa querendo ler os livros da Sylvia Orthof novamente, para descobrir o já sabido e algumas vezes deixado de lado na estante. Esse foi o efeito da mesa, sobre essa grande autora da nossa literatura, que aconteceu na Feira do Livro de Porto Alegre. Quem falou apaixonadamente sobre Sylvia foi Ricardo Benevides que trabalhou com a autora na Ediouro, Luiz Raul Machado que foi editor de Sylvia, também na Ediouro e Ninfa Parreiras escritora e pesquisadora. Foi uma delícia ouvir a leitura da Christina Dias, Ervilina e o Princês, reedição da Ed. Projeto, e tantas histórias, muitas vezes emocionadas e tantas outras engraçadas de quem conviveu com a autora. Foi um momento de voltar o olhar, revisitar, Sylvia Orthof.

Leitor de Rua

Leitura e mais leitura. Uma maneira simples de mostrar o quanto é bom, simplesmente ler e, o quanto essa ação pode ser multiplicadora. Essa é a idéia do "Leitor de Rua", projeto das escritoras Christina Dias e Marô Barbieri, de Porto Alegre. Pode acontecer em qualquer lugar, mas iniciou na Feira do Livro de Porto Alegre, na edição desse ano. O grupo Contapete da Biblioteca Pública de Caxias do Sul foi esteve presente lendo as divertidas crônicas de Walcyr Carrasco.
Vale a pena registrar aqui a presença do escritor uruguaio Ignácio Martínez, prestigiando o "Leitor de Rua".

domingo, 7 de novembro de 2010

Professora encantadora

Já publiquei aqui no blog alguns comentários sobre o Márcio Vassalo e como ele fala da importância do encantamento na vida da gente. Pois bem, ele estará lançando dia 9/11, em Porto Alegre, a sua Professora Encantadora, num bate-papo com um time de feras. Aqui vai o convite.

Maísa era uma professora que olhava para tudo com olho de assombro e estranheza. Ela dizia que assombro é um susto cheio de beleza e que estranheza é o casamento do estranho com a surpresa. A Maísa dava aula de esticar suspiro. De olhos fechados, nós aprendíamos a suspirar fundo. E ela suspirava junto com a gente, com aquele seu riso, às vezes freado, às vezes desembestado. Ah, e para ninguém atrapalhar a aula com urgências sem importância, no lado de fora da porta a professora pendurava um aviso:
NÃO ENTRE AGORA. ESTAMOS SUSPIRANDO.